sábado, 3 de janeiro de 2009

A história do Kerb

Neste primeiro post do blog vamos fazer um breve relato a respeito da quase lendária história que remete ao iníco dos festejos do kerb.

A palavra Kerb deriva da expressão em língua alemã, KirchenEinwahFest, que se traduz como festa em homenagem à inauguração da igreja. Em Dois Irmãos, Kerb significa mais que homenagear a inauguração da primeira capela ou igreja. A festa mais tradicional de nossa cidade evoca o episódio ocorrido com o Veleiro Transatlântico Cecília, que partiu de Hamburgo (Alemanha) em 06 de janeiro de 1827; e a chegada, a salvo, dos imigrantes ao Brasil, em 1829. Na chegada à São Leopoldo, estes imigrantes foram destinados à colônia alemã de Baumschneis – Dois Irmãos. Era 29 de setembro de 1829, dia do Arcanjo São Miguel.

Segue abaixo trecho do livro "História da Colonização de Dois Irmãos", escrito pela Profª Maria Clarice Arandt, relatando a história do Kerb que é contada de geração em geração:

"No ano de 1827 zarpou do porto de Hamburgo o veleiro Cecília. A seu bordo viajaram numerosos imigrantes procedentes da zona de Treveris, com destino ao Rio Grande do Sul, onde queriam estabelecer-se como agricultores.

No canal inglês essa caravela foi tomada de grande tormenta, causando-lhe grandes avarias. Quando o seu comandante julgou-a perdida, pôs-se a salvo com a tripulação em dois botes salva-vidas deixando os pobres entregues a seu destino. O navio já adernava para um dos lados e seus ocupantes viam chegada a hora derradeira, quando um dos imigrantes de nome Altamayer propôs que todos fizessem a promessa de que, caso fossem salvos e aportassem no Brasil, se consagrasse esse dia de suas chegadas como feriado oferecido ao santo do dia e que tal costume permanecesse pelos anos a fora, de descendente em descendente. E Deus atendeu a essa oração de modo notório. A fim de que o navio, que cada vez mais se inclinava para o lado, pudesse erguer-se novamente, Philipp Schmitz sugeriu o seguinte: "Vamos tentar cortar os mastros." O plano foi aceito e como bons carpinteiros, Schmitz e seus ajudantes, em pouco tempo, derrubaram os mastros. O navio, agora, podia erguer-se novamente, mas era um destroço, pois flutuava sem mastro nem vela. Em cima desse pedaço de navio, os naufrágos ainda vagaram por três semanas em águas de alto mar, até que um navio inglês os encontrou e levou-os para o porto mais próximo na Inglaterra, Plymouth. Ali eles permaneceram cerca de dois anos e já estavam quase se dispondo a ficar para sempre na Inglaterra.

Conta-se que, certo dia, estando as mulheres alemãs a lavarem a roupa na praia, passou por ali o capitão do navio "Cecília" . Sob o comando da firme mão da senhora Bohnemberger, todas as lavadeiras puseram-se a surrar o capitão com a roupa molhada, provocando riso dos ingleses que assitiam.

Por essa época, da estada dos alemães na Inglaterra, (...) um novo navio foi arranjado, a fim de realizar a travessia até o Brasil. Nesse navio foi que finalmente aportaram aqui, em 29 de setembro de 1829, os imigrantes vindos de Treveris. Na "Baumschneiss", onde muitos firmaram residência, ainda hoje é festejado como feriado o dia 29 de setembro, através de "Michelskerb", ou Kerb de São Miguel."

("História da Colonização de Dois Irmãos", 1999, p.14-15)

Bom, está é a história que remete ao início do nosso kerb, nos próximos posts um pouco mais dessa história. Do início da migração dos alemães para cá até os dias de hoje.

Até mais.

2 comentários:

DRUMM disse...

OI, POR ACASO EM UMA DAS MINHAS PROCURAS SOBRE MINHAS ORIGENS ENCONTREI ESTE BLOG. ACHEI MUITO INTERESSANTE A INICIATIVA DE VOCÊS. MEUS ANTEPASSADOS TAMBÉM FORAM PASSAGEIROS NO NAUFRAGIO DO CÄCILIE.

DRUMM disse...

www.charlesdrumm@hotmail.com